Pra olhar a represa,
Melhor um dia quente
Com cheiro de vento.
Pra lembrar o passado,
Um dia frio,
Pássaros voando de lado,
Ondas e velas amarradas,
Onde o vento de outrora
Sopra, e navegam agora
Com velocidade e sem rumo
Corpos molhados
No meu quarto escuro.







Resolveram que era aquilo. Estava doente. 
Então, lhe enfiaram uma colher de remédio 
amargo e quente por entre os dentes. E logo 
lhe cobraram melhoras que não pôde dar, pois 
sentir-se bem e normal, segundo eles, era 
efeito colateral. Os sintomas pioraram, e uma 
ambulância veio berrando pela contramão. 
Caso urgente de internação, nele havia além 
do nervo óptico. E os diplomas na parede e os 
consultórios, todos de terno então, chegaram 
ao diagnóstico. Era irrefutável, disseram cadeiras 
de couro e cachimbos, que concordaram todos 
sem engano: um caso irremediável de ser humano.