Um desespero amarelo toma novamente
O ar de toneladas que presume o desastre
Um som estridente explode por todo lado
Um trem come o asfalto vindo descarrilado

Prestes a tombar no meio da cidade vazia
Prestes a sair no jornal e acabar com o dia
Deixara os trilhos que sempre o prenderam
Pra me atropelar nesse pastoso fim de tarde

O sol entra em meus olhos e abaixo o rosto
Quando o levanto então não vejo mais trem
Porém sinto o tremor da locomotiva no ladrilho
E percebo que sou eu: brutalmente descarrilo









Tomou banho meia hora
Jogou a toalha no chão
Acabou com o sabonete
Deitou molhada no colchão

Reclamou dos meus discos
Chutou-me enquanto dormia
Acabou com o leite gelado
Entupiu um dos ralos da pia

Quebrou a perna da cama
Desregulou o despertador
Atrasou-me para o trabalho
Quase explodiu o secador

Emaranhou todo o lençol
Comeu minha última maçã
Tirou meus livros de ordem
Espero que volte amanhã